Sob ataques de Lula, Campos Neto tira férias e deixa Galípolo em seu lugar
Diretor de Política Monetária já está na presidência interina desde semana passada
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sairá de férias nesta quinta-feira em meio à marcação cerrada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixando o principal cotado para substituí-lo em 2025, o diretor Gabriel Galípolo, em seu lugar até o dia 19.
Nas últimas semanas, Campos Neto tem convivido quase que diariamente com as críticas de Lula, que vem reservando uma parte do tempo de suas entrevistas para atacar o atual presidente do BC, a quem já chamou de adversário. Mas ele já costuma tirar férias neste período, conforme mostra sua agenda desde 2021. Pelo regimento interno do banco, cabe ao presidente da instituição qual dos diretores o substitui durente o descanso.
O diretor Galípolo já está na presidência interina desde sexta-feira passada em virtude de uma viagem de Campos Neto à Europa para participar de alguns eventos. É de praxe no BC os diretores assumirem a presidência quando o titular está fora do país.
Galípolo é diretor de Política Monetária e, portanto, é responsável por eventuais intervenções no mercado de câmbio, operação que está no radar nas últimas semanas devido ao aumento ininterrupto do dólar.
Em sua última manifestação pública, Galípolo afirmou que o BC está alerta ao rápido aumento da moeda americana. Mas, nos bastidores da autoridade monetária, a avaliação é que uma reversão do movimento depende de anúncios de medidas fiscais.
Ex-número 2 de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, o diretor de Política Monetária é visto como favorito em Brasília e na Faria Lima para suceder Campos Neto na presidência do BC. O atual chefe deixa o cargo em 31 de dezembro, conforme a lei de autonomia.
Em declarações públicas, Galípolo vem dizendo que nunca conversou sobre o tema com o presidente da República, a quem cabe indicá-lo para a chefia do BC. Lula, por sua vez, vem elogiando o diretor do BC. O presidente disse que o ex-secretário-executivo de Fernando Haddad é um “menino de ouro” e “tem toda a condição de presidir o BC”, mas evitou dizer se será o seu escolhido.