O Estadão agora__Onde estavam Lula, ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado quando as bombas explodiram?
Atentado causou pânico e perplexidade na Praça dos Três Poderes um ano e dez meses após atos golpistas de 8 de janeiro
Apenas três dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estavam na Corte quando, na noite de quarta-feira, 13, ocorreram explosões na Praça dos Três Poderes. Eram 19h30 quando o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o vice Édson Fachin e o colega Cristiano Zanin tomavam lanche numa sala reservada do Salão Branco e ouviram os estrondos.
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A sessão de julgamento já havia terminado. Até aquele momento, ninguém sabia o que tinha acontecido e nem que Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba, morrera. Um e-mail com mensagem ameaçadora chegou depois ao STF com o seguinte aviso: não haverá descanso enquanto a Corte não for destruída.
Na hora do ataque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no Palácio da Alvorada, reunido com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Mas, pouco antes, a conversa no Alvorada ainda girava em torno das medidas de proteção tomadas para a reunião de líderes do G-20, grupo que reúne as maiores economias do mundo e ocorre nos próximos dias 18 e 19, no Rio.
No Supremo, seguranças entraram na sala de lanches do Salão Branco e disseram que os três ministros precisavam sair dali, com calma, porque haveria uma varredura no local.
Na frente do prédio, perto da Estátua da Justiça vandalizada nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, um homem vestido com paletó e calça estampados com naipe de baralho estava estendido no chão.
Barroso ainda deu uma rápida passada na biblioteca da Corte. Ligou para Lula, para Andrei e para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Sem conseguir falar com Ibaneis, que está na Italia, conversou por telefone com a vice-governadora, Celina Leão, e foi informado sobre as providências tomadas.
A reação de todos os que conversaram com Barroso foi de perplexidade. O diretor-geral da Polícia Federal logo desconfiou que o caso tivesse ligação com os ataques de 8 de janeiro.
Os ministros do STF Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes foram ao encontro de Lula, no Alvorada. A “happy hour” já estava marcada, mas acabou se transformando em reunião de trabalho, com a presença de Andrei.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as explosões e encaminhou o caso a Moraes. Não sem motivo: o ministro é relator das investigações que apuram os ataques de 8 de janeiro. “Não é aceitável que se proponha anistia para quem pratica atos que atentam contra o estado democrático de direito e também atos terroristas”, argumentou Andrei.
As explosões incendiaram o carro de Francisco Wanderley Luiz, que estava estacionado perto do Anexo IV da Câmara, lotado de fogos de artifício. No reboque do carro havia bombas caseiras. Naquele instante, a Casa de Salão Verde discutia a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta a isenção tributária das igrejas.
Quem presidia a sessão era o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estava em voo para São Paulo.
O PSOL protestava no plenário para tentar impedir a votação da PEC quando começaram a pipocar notícias sobre o atentado.
“Um homem foi morto. O Supremo foi evacuado. É necessário fazer uma varredura nesse plenário”, disse a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) para Sóstenes. “As igrejas beneficiadas com a isenção de impostos vão nos dar conforto se a gente morrer aqui dentro”, ironizou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
Por Vera Rosa publicado na edição online do jornal o Estadão conforme link a seguir