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Brasil

Tarifa de 50% “inviabiliza” R$ 14,4 bi em exportações de Estados “onças brasileiras”, diz estudo

Se efetivada, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ‘praticamente inviabiliza’ R$ 14,4 bilhões em exportações dos chamados Estados ‘onças brasileiras’, responsáveis por 36% dos embarques nacionais aos EUA. Para alguns ramos da economia desses Estados, isso significará um  interrupção quase completa de toda a atividade exportadora.

É o que mostra um estudo a partir de dados da Secex feito pela Futura/Apex Partners, grupo financeiro que trabalha no desenvolvimento de mercados regionais e tem R$ 14 bilhões sob gestão e custódia.

São números pequenos dentro do universo das exportações brasileiras. O país exportou US$ 337 bilhões em 2024, dos quais US$ 40,4 bilhões para os EUA, ou 12%. Ainda assim, é um valor relevante para esses Estados, que respondem por pouco mais de um terço desse total.

“Na nossa análise, a gente conclui que dado a dimensão da tarifa que foi imposta, que é de 50%, praticamente inviabiliza ou inviabiliza as exportações brasileiras para aquele país. Por exemplo: no caso carne bovina, que afeta basicamente Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, mas também Goiás, o preço da arrouba de carne que hoje está em torno de US$ 5,5 mil passaria a quase US$ 9 mil”, resume Orlando Caliman, diretor econômico da Futura. “Nenhum importador americano conseguiria viabilizar uma compra dessa dimensão.”

Inspirado pelos tigres asiáticos do final do século XX, o termo ‘onças brasileiras’ tem sido promovido pela Apex para designar oito Estados – Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – que se consolidaram nos últimos anos como novos motores da economia nacional.

Apesar de responderem por uma fatia considerável das exportações brasileiras aos EUA, de 36%, sua dependência do que é vendido para lá é menor, de 9% em média, contra 12% do país como um todo. Há, no entanto, variações relevantes entre estados. Enquanto o Espírito Santo destina 28,6% de tudo o que exporta para o mercado americano, o Mato Grosso  embarca 1,5%.

Esse conjunto de Estados também responde por parte relevante ou até a quase totalidade das exportações para os Estados Unidos de alguns produtos da pauta brasileira. Do total de US$ 1,9 bilhão em vendas de café do Brasil para os EUA em 2024, US$ 1,7 bilhão (89%) veio das “onças”. Minério de ferro (96,8%), celulose (64,8%) e carnes bovinas (73,8%)  também estão entre os produtos com notável participação nas exportações brasileiras desses países.

Olhando para dentro dos estados, o choque potencial também pode ser relevante caso as tarifas não sejam renegociadas. O Espírito Santo exportou US$ 1,1 bilhão em ferro manufaturado e aço para os EUA no ano passado, o equivalente a 37,1% de sua pauta exportadora para aquele país. Uma interrupção completa das vendas de carnes bovinas tiraria 40,8% da receita de exportação de Goiás, 42,1% do Mato Grosso do Sul e 46,2% do Mato Grosso advinda dos Estados Unidos.

“A inviabilização do comércio com os Estados Unidos não só levará a questionamentos por parte de empresas, empresários e da sociedade brasileira, mas também dentro dos Estados Unidos, porque lá você tem empresas que têm relacionamentos com o Brasil em relações intraempresas”, pondera Caliman, em referências às multinacionais que dependem do Brasil para produzir ou processar insumos que serão usados nos EUA.

A matéria original é do Valor Econômico e pode ser acessada pelo link a seguir:

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/07/11/tarifa-de-50percent-inviabiliza-r-144-bi-em-exportacoes-de-estados-oncas-brasileiras-diz-estudo.ghtml
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