Presidente da COP30 diz que ‘questão da hospedagem sempre retorna’, mas que preocupação com Belém ‘diminuiu bastante’
Número de países com a estadia garantida para toda a delegação chegou a 87 nesta semana

A pouco mais de 40 dias para a COP30, os organizadores do evento minimizaram as críticas sobre a infraestrutura de Belém, cidade que sediará o encontro em novembro, e disseram que, embora “a questão da hospedagem” sempre retorne, muitos países já estão confirmando suas reservas. Em entrevista coletiva realizada em Nova York nesta quinta-feira, o presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, e a diretora-executiva do evento, Ana Toni, afirmaram que as obras estão “praticamente concluídas” e as preocupações logísticas diminuíram “de forma significativa”.
— A infraestrutura em Belém está muito clara, avançou de maneira incrível, e as obras estão basicamente prontas — disse Corrêa do Lago. — A questão da hospedagem sempre retorna devido ao preço muito alto dos hotéis, mas, ao mesmo tempo, o trabalho da força-tarefa que está ajudando os países a encontrar quartos avançou de forma significativa. Muitos países já estão confirmando suas reservas.
O embaixador alegou que os organizadores desejam que mais pessoas consigam comparecer ao evento e a COP30 seja “um grande sucesso”. Corrêa do Lago disse querer que a conferência conte com ampla participação da sociedade civil, cientistas, acadêmicos e do setor privado. Ele disse que a organização continua buscando acomodações para atender à demanda, mas reforçou que há “cada vez mais apartamentos disponíveis”.
— Acredito que as preocupações com Belém diminuíram bastante, e é realmente muito evidente o quanto a população da cidade está animada para receber a COP.
Até o momento, há 87 países com presença garantida na conferência. O número atual de nações com a hospedagem garantida para toda a delegação corresponde a pouco menos da metade do total de 196 países com participação possível no evento.
A coletiva ocorreu após a participação da delegação brasileira na Semana do Clima em Nova York, realizada paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas. Corrêa do Lago classificou a semana como “extremamente positiva” e destacou o engajamento do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em eventos voltados para o clima — caso da Cúpula das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e o lançamento do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF).
— Chegamos a Nova York e o número de NDCs apresentadas estava na casa dos 40. Agora, depois dessa reunião, a ONU estima que chegamos a 101, então considero esse um marco muito importante — disse o embaixador. — Em seguida, Lula anunciou que o Brasil contribuirá com (um aporte de) US$ 1 bilhão para o TFFF, então considero esse também um momento extremamente importante.
Questionado sobre as declarações do presidente americano, Donald Trump, que definiu a mudança climática como “fraude” e “conspiração” em discurso na Assembleia Geral, Corrêa do Lago disse que o tom do discurso “não trouxe novidades”, mas destacou o papel construtivo de outros setores da sociedade americana, especialmente o empresarial. Ele também afirmou que receberá com naturalidade a delegação americana, caso confirme presença.
— Acredito que o secretário (de Energia dos EUA, Chris) Wright, fez comentários muito relevantes e escreveu artigos interessantes sobre mudança climática. Então, como em todos os outros países, o diálogo é o caminho — afirmou, reforçando o objetivo da COP30 — Fortalecer o multilateralismo, aproximar o processo das pessoas e mobilizar o máximo de instituições para implementar o Acordo de Paris.