De imã de geladeira a perfume para atrair ‘gringos’: comércio em Belém aposta em produtos personalizados para COP30
Barraca de cheiros e banhos no Ver-o-Peso recebeu a visita até de Mariah Carey, que fez um show na cidade no último mês

Comércio em Belém aposta em produtos para a COP30
Comércio em Belém aposta em produtos para a COP30 — Foto: Raimundo Paccó
De souvenir simples como imãs de geladeira a perfume especial para atrair “gringos”, a COP 30 fomenta a criação de produtos especiais no comércio de Belém. No Ver-o-Peso, tradicional mercado público da cidade, um dos mais antigos do país, os comerciantes nutrem a expectativa de aumentar o faturamento durante as duas semanas da conferência internacional, que começa em menos de um mês. Além de lançar novos itens, alguns barraqueiros também estão se preparando para a demanda e vão contratar funcionários de reforço.
Lançado há cinco meses, com vistas à COP, o perfume “chama gringo” já faz sucesso no Ver-o-Peso. A erveira Joseane Silva diz que a fórmula é secreta, mas o mote se assemelha a outros “cheiros” vendidos no mercado, com objetivos amorosos.
— Esse já está vendendo bem. Se tem alguma amiga encalhada, está aqui a solução — diz Joseane Silva.
Erveira mais famosa do mercado, Bernadete Freire da Costa, a Beth Cheirosinha, está trabalhando na criação do Banho da COP, que mistura ervas como abre-caminho, folha-da-fortuna e folha-da-felicidade.
— Esse banho é para abrir os caminhos, para dar tudo certo. Nas reuniões dele, na cidade — explica Beth, que aprendeu suas habilidades com seus avós que vieram “de dentro da mata”. — Agora, eu sempre deixo bem claro que é preciso que acredite e tenha fé. Se não tiver fé, não acreditar, nada disso vai funcionar. Tem que acreditar, fé em Deus primeiramente, depois no remédio que a natureza deixou.
Os cheiros e banhos de Beth custam R$20. Seu produto mais vendido é o “atrativo da perseguida”, e sua barraca recebeu a visita até de Mariah Carey, que fez um show recente em Belém em homenagem à COP. O exato perfume comprado pela artista foi mantido sob sigilo.
— Mas era de amor — revelou, Beth, que tem 75 anos e 55 de Ver-o-Peso.
Apesar da expectativa, nem todos comerciantes do mercado sabem o que é exatamente a COP. O uso da palavra “copa”, inclusive, é fato recorrente nas conversas para se referir à conferência.
— Nem sei do que se trata essa copa aí, mas acho que vai ter muita venda — relatou Jeziel Souza, que trabalha na produção do caldo de tucupi.
Dono de uma barraca de pimentas, onde vende versões da especiaria feitas com produtos típicos da Amazônia, como açaí e cupuaçu, Tiago Raiol vai contratar um funcionário extra diante da expectativa de aumento de demanda durante a COP. Ele espera triplicar sua produção, que é caseira, para o período.
— Estou esperançoso que a COP 30 promete trazer muitas pessoas de várias nacionalidades e etnias. Os estrangeiros procuram muito os sabores típicos da Amazônia, como cupuaçu, açaí e bacuri. O clima geral no mercado é de muita expectativa — afirma Raiol, que disse ter temido uma mancha na imagem do estado por causa dos preços exorbitantes de hospedagem, mas que no fim acredita no sucesso do evento e no legado das obras.
A sorveteria Cairu, patrimônio cultural material e imaterial do Pará, criou o sabor COP 30, que mistura pistache, castanha-do-Pará e doce de cupuaçu.
— A ideia é unir o mundo com a Amazônia — disse Armando Laiun, diretor da sorveteria, no lançamento, ano passado.