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Brasil

Evento pré-COP discute saúde e clima na amazônia em Santarém (PA)

Projeto Saúde & Alegria e Fiocruz realizam seminário com presença do ministro Alexandre Padilha

Entre as pautas está a política de saúde da família fluvial, inspirada na experiência do barco Abaré no rio Tapajós

A ONG Saúde & Alegria, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realiza nesta semana um seminário para discutir saúde e adaptação climática na amazônia. O evento em Alter do Chão, em Santarém (PA), nos dias 24 e 25 de outubro, será marcado por experiências imersivas e territoriais, além dos debates.

O evento pré-COP30 celebra os 35 anos do SUS (Sistema Único de Saúde) e deve contar com a presença do ministro da Saúde Alexandre Padilha. Representantes de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, gestores públicos, pesquisadores, organizações da sociedade civil e instituições financiadoras também são esperados.

O seminário “Saúde e Clima Amazônia: Tecnologias Sociais e de Adaptação com Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais” mira a troca de experiências e a construção coletiva diante de desafios da atenção primária na região.

“Quando falamos de amazônia e COP, lembramos de floresta e carbono, que são agendas importantes, mas sem o social fica difícil resolver o ambiental. E a saúde ainda tem atenção aquém do que deveria na agenda climática”, diz Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde & Alegria.

O seminário, segundo ele, será um momento importante pré-conferência do clima, que ocorre em novembro em Belém (PA), para reforçar essa pauta e promover diálogo entre governos, comunidades e academia sobre o tema.

“Vamos debater propostas e políticas adaptadas de saúde em tempos de impactos crescentes das mudanças climáticas na vida dos amazônidas”, completa Scannavino.

No dia 24, a mesa “Políticas de Saúde para a Amazônia” apresentará o plano de saúde local, com estratégias em saúde e percepções de gestores municipais. Ainda pela manhã, o painel “Garimpos: Um Desafio de Saúde Pública” traz pesquisas sobre o impacto do garimpo e do mercúrio para povos indígenas do Tapajós.

À tarde, haverá um balanço de 15 anos da política de saúde da família fluvial, inspirada na experiência do barco Abaré no Tapajós, hoje com quase cem unidades de atendimento pela Amazônia e Pantanal, segundo a ONG.

Também um painel com experiências locais em saúde, saneamento, energia, alimentação e educação ambiental —entre elas, a UBS da Floresta, resgate aéreo com hidroaviões, ensino médico regionalizado e indicadores de mensageria e conexão.

No sábado (25), o ministro da Saúde participa da mesa “Diálogo com o Ministério da Saúde”, seguido de ida à comunidade de Anã, na Resex Tapajós-Arapiuns, onde serão entregues equipamentos para a nova UBS da Floresta.

Os participantes terão contato com tecnologias sociais comunitárias como produção de peixes e ração natural, criação de abelhas nativas, sistema de água solar, rádio comunitária e grupos de mulheres artesãs, além de assistirem a uma apresentação do Circo Mocorongo.

“Na Amazônia, os indicadores de saúde estão entre os piores do Brasil. É fundamental que a gente consiga trabalhar a saúde de maneira integral e territorial”, afirma Eugenio Scannavino Netto, médico sanitarista que fundou a ONG em 1987 no Pará.

“Isso significa acesso à água, saneamento, energia, serviços básicos de saúde e possibilidades de geração de renda com a floresta em pé, para que essas populações possam se manter em seus territórios”, acrescenta.

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