Relatório internacional aponta Manaus como epicentro do crime organizado na Amazônia

Um relatório internacional divulgado pela organização jornalística Amazon Underworld, intitulado “A Amazônia sob ataque – mapeando o crime na maior floresta tropical do mundo” (outubro de 2025), revelou que Manaus se consolidou como um dos principais centros do crime organizado na Amazônia Legal. O estudo identifica a capital amazonense como elo estratégico nas rotas do tráfico de drogas, armas e recursos ilegais que cruzam a floresta.
Segundo o levantamento, 67% dos 987 municípios analisados em seis países amazônicos apresentam presença de facções criminosas. No Brasil, Manaus, Tabatinga, Tefé e Humaitá são citados como pontos críticos de movimentação de entorpecentes e de interligação entre redes nacionais e internacionais do tráfico.
Manaus no centro da rota do narcotráfico
O relatório detalha que a droga chega ao estado principalmente pelo Rio Solimões, vinda da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, e segue em direção ao Rio Amazonas, de onde parte para o litoral e outros estados. Essa rota, historicamente usada por organizações criminosas, consolidou Manaus como um hub logístico de distribuição.
Facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) disputam há mais de uma década o domínio dessas rotas e do controle territorial em bairros periféricos da capital e em municípios do interior.
Em 2023, Manaus registrou 866 homicídios dolosos, segundo dados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o que representa uma taxa de 41,9 homicídios por 100 mil habitantes — uma das mais altas do Norte do país.
Interior também sofre com avanço das facções
O estudo mapeou a atuação criminosa em diversos municípios amazonenses, destacando os seguintes dados:

Crime e destruição ambiental caminham juntos
Além do tráfico de drogas, o relatório aponta a conexão direta entre o crime organizado e o desmatamento. A presença de facções em áreas remotas facilita a expansão do garimpo ilegal, extração de madeira e grilagem de terras.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM), o estado registrou em 2023 uma redução de 65% nos alertas de desmatamento em relação ao ano anterior — totalizando 894,6 km². Contudo, municípios como Apuí, Novo Aripuanã e Humaitá ainda lideram os índices de degradação ambiental e conflitos fundiários.
A resposta do Estado: novo centro internacional em Manaus
Em meio às crescentes preocupações sobre o avanço do crime na Amazônia, o governo federal inaugurou em setembro de 2025, em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia) — uma estrutura voltada à integração de informações e ações entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros da Amazônia Legal.
O centro funcionará como base de coordenação entre forças de segurança nacionais e estrangeiras para enfrentar o tráfico de drogas, armas, pessoas e crimes ambientais.
“O crime ocupa os lugares que o Estado não preenche. Nossa missão é restituir a força da lei pela presença do Estado.”
— Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de inauguração do CCPI Amazônia, em Manaus.
“Este centro vai promover a colaboração entre os países amazônicos e fortalecer a atuação conjunta contra os crimes que ameaçam a floresta e as populações que nela vivem.”
— Lula, 9 de setembro de 2025.
Autoridades alertam para risco crescente
Autoridades federais e estaduais admitem a gravidade da situação. O presidente Lula já havia cobrado, em junho de 2024, ações mais rápidas e integradas de combate ao crime organizado na Amazônia, incluindo maior presença policial nas fronteiras e reforço da inteligência.
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/AM) e a Polícia Federal vêm intensificando operações em Manaus e no interior. Em outubro, a FICCO/AM apreendeu 146 kg de maconha e prendeu um suspeito em flagrante durante operação na Avenida Djalma Batista, resultado de um trabalho de inteligência voltado à desarticulação das rotas fluviais do tráfico.
Um desafio além da segurança pública
O relatório internacional conclui que o avanço do crime na Amazônia ultrapassa o campo policial, afetando a soberania nacional, a economia e a proteção ambiental. Comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas são as mais afetadas pela presença de facções e pela ausência do Estado.
“O crime organizado tornou-se um agente estruturante da economia ilegal da Amazônia, controlando rotas, impondo regras e até prestando serviços em áreas isoladas”, destaca o documento.
Caminhos para conter o avanço
Especialistas defendem que o enfrentamento ao crime organizado na Amazônia deve unir segurança, desenvolvimento social e fiscalização ambiental. Entre as medidas sugeridas estão:
Reforço das patrulhas fluviais e bases de vigilância na tríplice fronteira;
Investimento em tecnologia de rastreamento e inteligência;
Proteção de lideranças e comunidades locais;
Parcerias internacionais para rastrear fluxos financeiros ilícitos;
Expansão de programas sociais e de emprego nos municípios críticos.
Conclusão
O relatório da Amazon Underworld lança um alerta global: Manaus é hoje o centro nervoso de uma rede criminosa que atravessa rios, fronteiras e ecossistemas.
Com o novo Centro Internacional de Cooperação Policial da Amazônia, o Brasil busca reposicionar o Estado no combate à criminalidade e na defesa da floresta.
“O controle do crime organizado na Amazônia é uma questão de soberania nacional e de sobrevivência ambiental”, conclui o documento.
📞 Fontes oficiais
Comunicação Social da Polícia Federal no Amazonas — cs.sram@dpf.gov.br
Secretaria de Estado de Segurança Pública do AM — (92) 3216-9500
