PF prende dono do Banco Master em São Paulo antes de embarcar para Dubai; Banco Central liquida instituição
Daniel Vorcaro e sócio são detidos por fraudes financeiras; operação também mira outros bancos e movimentações de mercado em meio à crise de liquidez

Banqueiro é preso antes de viagem ao exterior
A Polícia Federal prendeu, na noite desta segunda-feira (17), o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Vorcaro se preparava para embarcar para Dubai, nos Emirados Árabes, quando foi abordado pelos agentes.
Ao lado dele, também foi preso o sócio Augusto Lima. A PF suspeitou que o grupo tentava deixar o país para evitar as investigações. A defesa do banqueiro negou a acusação de fuga e diz que a viagem era para fechar um contrato de venda do banco a investidores estrangeiros.
Operação “Compliance Zero” investiga fraudes no setor financeiro
A ação faz parte da operação “Compliance Zero”, que visa a emissão de títulos de crédito falsos por instituições que fazem parte do Sistema Financeiro Nacional. Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.
De acordo com a PF, as investigações obtiveram em 2024 a pedido do Ministério Público Federal, após surgirem alegações de produção e venda de carteiras de crédito sem lastro. O esquema teria incluído substituições de ativos inadequados para mascarar transações ilícitas e fraudes contábeis.
Defesa rebate acusações: “Viagem era profissional”
Advogados de Vorcaro afirmaram que o empresário estava prestes a embarcar para negociar o contrato de venda do Banco Master ao grupo Fictor Holding Financeira, formado por investidores dos Emirados Árabes. Segundo eles, a negociação já vinha sendo anunciada e não se tratava de tentativa de fuga do país.
Banco Central liquida o Master após fracasso em negociações
No dia seguinte às prisões, o Banco Central decretou a liquidação do Banco Master e colocou outra instituição do grupo, o Master Múltiplo, sob administração especial temporária por 120 dias. O banco veio enfrentando dificuldades após investir em ativos de baixa liquidez, como precatórios, e precisou recorrer a uma linha de crédito emergencial de R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em maio.
Em setembro, o BC já havia vetado a tentativa de venda do banco ao BRB por entender que haveria risco de exposição financeira. O grupo Fictor anunciou um plano de compra envolvendo transporte de R$ 3 bilhões, mas o negócio não foi concretizado a tempo de impedir o processo de liquidação.
Entenda o caso
Vorcaro e Lima estão entre os alvos de prisão preventiva e temporária cumprida pela PF.
Operação investiga fraudes, gestão fraudulenta e organização criminosa.
Sócios estavam negociando a venda do banco para investidores internacionais no mesmo período das apurações.
BC liquidou o Banco Master e colocou o conglomerado sob intervenção após sucessivas tentativas frustradas de venda e socorro financeiro.
Linha do tempo da crise do Banco Master
2024 — Ministério Público Federal pede investigação sobre ativos insubsistentes.
Maio/2025 — Banco recorre ao FGC para obter R$ 4 bilhões e evitar colapso.
Setembro/2025 — Banco Central veta compra do Master pelo BRB por risco sistêmico.
17/11/2025 — Vorcaro é preso em São Paulo antes de voo internacional.
18/11/2025 — Banco Central liquida o Master e decreta intervenção em participação conjunta.
Créditos: Redação Portal (com informações da Polícia Federal, Banco Central e agências de notícias)
