Dólar sobe a R$ 5,05 e leva BC a anunciar intervenção no câmbio

Em ambiente de pressão externa e vencimento de NTN-As, autarquia irá ofertar o equivalente a US$ 1 bilhão em swap cambial

A sensação de que o cenário permitia uma valorização relevante do câmbio doméstico perdeu força. Em um dia no qual o dólar subiu ao redor do globo, o real esteve na lista das moedas que mais sofreram, com o dólar seguindo firme acima de R$ 5, no maior patamar desde outubro. A pressão sobre a divisa brasileira foi majoritariamente externa, diante da pujança renovada da economia dos EUA. Fatores domésticos, porém, também tiveram peso, como a proximidade do vencimento de títulos atrelados à variação do dólar (NTN-As), o que levou o Banco Central (BC) a anunciar a primeira intervenção no mercado de câmbio desde dezembro de 2022.

Logo após o fechamento dos mercados, a autoridade monetária informou que fará, às 12h30, um leilão extraordinário de até 20 mil contratos de swap cambial, o equivalente a US$ 1 bilhão. Será a primeira oferta de swap cambial desde maio de 2022. A ação marcou, ainda, o fim de um dia tenso nos mercados. O dólar encerrou a sessão de ontem em alta de 0,87%, negociado a R$ 5,0591, no maior nível desde outubro, após ter ido a R$ 5,0704 na máxima do dia.

O movimento global foi determinante para a pressão sobre o câmbio. O processo de reprecificação dos juros americanos ganhou novos contornos, após declarações duras de dois dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na semana passada: o diretor Christopher Waller e o presidente Jerome Powell. Na medida em que o mercado empurra ainda mais para frente o início de um ciclo de cortes de juros nos EUA, o dólar se fortalece.

O real, porém, se destacou negativamente na sessão de ontem. Entre as moedas da América Latina, a divisa brasileira ficou na lanterna. O dólar subiu 0,42% ante o peso mexicano; 0,58% em relação ao peso chileno; e 0,04% frente ao peso colombiano. Nas moedas mais líquidas do mundo, somente a lira turca conseguiu seguir em alta.