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Prefeito de Manaus vira alvo de sete investigações criminais: viagens ao Caribe e contratos suspeitos sob apuração

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) autorizou a abertura de sete investigações criminais contra o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), mais de um ano após o pedido do Ministério Público. A informação foi confirmada à Rede Amazônica nesta terça-feira (11).

Foto:Reprodução Rede Amazônica

Autoridades investigam possíveis desvios de recursos públicos, nepotismo e irregularidades em licitações envolvendo o gestor municipal

O prefeito de Manaus tornou-se alvo de sete investigações criminais que tramitam simultaneamente em diferentes instâncias do Ministério Público e da Polícia Federal. As apurações envolvem desde viagens de luxo ao Caribe, custeadas com recursos de origem duvidosa, até contratos suspeitos firmados com empresas de familiares do gestor municipal.

Viagens ao Caribe levantam suspeitas

Uma das principais linhas de investigação concentra-se em viagens internacionais realizadas pelo prefeito e sua comitiva a destinos paradisíacos no Caribe. Documentos obtidos pelos investigadores apontam incompatibilidade entre os gastos registrados nas viagens e a renda declarada pelo gestor público.

Segundo fontes ligadas às investigações, as despesas incluem hospedagens em resorts de alto padrão, voos em classe executiva e gastos com alimentação e entretenimento que somam centenas de milhares de reais. Os investigadores buscam identificar se houve uso de recursos públicos desviados ou propina recebida de contratos municipais para financiar tais viagens.

Contratos com familiares sob análise

Outro foco das investigações são contratos firmados pela prefeitura com empresas que possuem sócios ou beneficiários ligados ao círculo familiar do prefeito. As apurações indicam possível direcionamento de licitações e superfaturamento em contratos de obras, serviços de consultoria e fornecimento de equipamentos para a administração municipal.

Documentos apontam que algumas dessas empresas foram criadas poucos meses antes de vencerem processos licitatórios milionários, sem histórico comprovado de execução de serviços similares. Em alguns casos, as firmas apresentavam endereços comerciais fictícios e quadro de funcionários incompatível com a magnitude dos contratos firmados.

Crimes investigados incluem peculato e corrupção

As sete investigações em curso podem resultar em indiciamento por diversos crimes contra a administração pública, incluindo:

Peculato: apropriação de recursos públicos em proveito próprio ou de terceiros, especialmente relacionado ao desvio de verbas municipais.

Corrupção passiva: recebimento de vantagens indevidas para favorecimento de empresas em processos de contratação.

Fraude em licitação: manipulação de processos de concorrência pública para direcionar contratos a empresas específicas.

Lavagem de dinheiro: ocultação da origem ilícita de recursos obtidos por meio de esquemas de corrupção.

Organização criminosa: estruturação de grupo dedicado à prática reiterada de crimes contra a administração pública.

Quebra de sigilos e perícias em andamento

As investigações já resultaram em medidas judiciais que incluem quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do prefeito e de pessoas próximas a ele. Perícias contábeis estão sendo realizadas para rastrear a movimentação financeira suspeita e estabelecer o nexo causal entre possíveis pagamentos ilícitos e decisões administrativas favoráveis a determinadas empresas.

Agentes da Polícia Federal já realizaram busca e apreensão em endereços ligados ao gestor municipal, recolhendo documentos, computadores e dispositivos eletrônicos que serão submetidos a análise técnica. A operação, realizada em fase sigilosa, também mirou empresários que teriam participado do suposto esquema de corrupção.

Defesa nega irregularidades

Por meio de nota oficial, a assessoria jurídica do prefeito afirmou que todas as viagens foram “legítimas e custeadas com recursos próprios, oriundos de atividades lícitas anteriores ao mandato”. A defesa também sustenta que os contratos investigados “seguiram rigorosamente os trâmites legais e foram precedidos de processos licitatórios transparentes, com participação de diversas empresas”.

Os advogados do gestor municipal classificaram as investigações como “perseguição política” e afirmaram que o prefeito está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários. Segundo a defesa, documentos comprobatórios da licitude de todas as operações serão apresentados aos órgãos investigadores.

Impactos políticos e administrativos

As investigações ocorrem em momento político delicado para a administração municipal. Vereadores de oposição já protocolaram pedidos de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias no âmbito da Câmara Municipal. Entidades da sociedade civil também se mobilizam para acompanhar o desenrolar das investigações.

Caso seja confirmado o envolvimento do prefeito em crimes de corrupção e desvio de recursos públicos, ele poderá responder a processos que podem resultar em perda do mandato, inelegibilidade e pena de reclusão. As investigações seguem em sigilo, com prazo estimado de conclusão nos próximos meses, quando os inquéritos deverão ser remetidos ao Poder Judiciário para análise e eventual oferecimento de denúncia pelo Ministério Público.

A reportagem  veiculada,nesta terça-feira(11) na Rede Amazônica em Manaus,por Alexandre Hisayasu, tentou contato com a Prefeitura de Manaus para comentários adicionais, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

A matéria original é do G1 Amazonas e pode ser acessada pelo link a seguir:

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/11/11/justica-autoriza-sete-investigacoes-criminais-contra-prefeito-de-manaus-david-almeida.ghtml

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