PF reconta em R$ 469 mil o valor apreendido em flat de deputado bolsonarista
Investigação sobre desvio de cota parlamentar atinge políticos do PL e levanta suspeitas sobre empresa de fachada

Como começou a investigação do STF
A Operação Galho Fraco teve início após o Supremo Tribunal Federal autorizar uma investigação sobre indícios de uso irregular da cota parlamentar por deputados federais. A Polícia Federal passou a monitorar movimentações financeiras suspeitas envolvendo uma empresa de locação de veículos que, segundo os investigadores, seria utilizada como fachada para desvio de recursos públicos destinados ao custeio de despesas do mandato parlamentar.
As investigações incluíram quebras de sigilo bancário, análise de mensagens extraídas de aparelhos celulares e coleta de depoimentos. O material reunido levou a PF a identificar um possível esquema de desvio de verbas públicas, culminando na operação deflagrada na última sexta-feira (18).
A operação e os valores apreendidos
Na última sexta-feira, a Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão contra dois deputados federais do Partido Liberal (PL): Sóstenes Cavalcante, do Rio de Janeiro, e Carlos Jordy, também fluminense. Durante a ação no flat de Sóstenes em Brasília, os agentes encontraram uma quantia significativa em dinheiro vivo.
Após concluir o balanço da operação, a PF contabilizou o total de R$ 469.700,00 em espécie apreendidos com o parlamentar. O volume de recursos chamou atenção dos investigadores, especialmente considerando que se trata de dinheiro físico mantido em residência.
A defesa do deputado e as contradições patrimoniais
Logo após a operação, Sóstenes Cavalcante se pronunciou afirmando que o dinheiro encontrado tem origem lícita e seria proveniente da venda de um imóvel de sua propriedade. O deputado, assim como seu colega Carlos Jordy, nega qualquer irregularidade e afirma ser vítima de perseguição política.
No entanto, a justificativa apresentada pelo parlamentar gerou questionamentos imediatos. Isso porque, nas eleições de 2022, Sóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio total de apenas R$ 4.926,76 – valor incompatível com a quantia apreendida e com a suposta venda de um imóvel que teria gerado quase meio milhão de reais em espécie.
A discrepância entre o patrimônio declarado e o dinheiro encontrado deve ser um dos pontos centrais da investigação conduzida pela Polícia Federal.
O esquema investigado
Segundo a PF, o núcleo da investigação envolve uma empresa de locação de veículos que seria utilizada como fachada para receber recursos públicos desviados da cota parlamentar. Essa verba é destinada constitucionalmente a custear despesas legítimas do mandato, como passagens aéreas, combustível, serviços postais e alimentação durante viagens.
Os investigadores reúnem evidências que incluem mensagens trocadas entre os envolvidos, movimentações bancárias suspeitas e documentação fiscal relacionada aos contratos com a locadora. O objetivo é demonstrar que os recursos destinados ao exercício do mandato teriam sido desviados para fins particulares.
Próximos passos
A Polícia Federal continua analisando o material apreendido durante a operação. Os deputados investigados permanecem no exercício de seus mandatos, uma vez que não houve pedido de prisão ou afastamento das funções parlamentares.
O caso tramita sob sigilo no STF, que autorizou as diligências iniciais. A investigação ainda pode se desdobrar para outros parlamentares ou assessores, caso surjam novos indícios de participação no suposto esquema de desvio de recursos públicos.
