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 Movimento nacional protesta contra feminicídio em todo o Brasil

Manifestações “Levante Mulheres Vivas” mobilizam milhares de pessoas em pelo menos 89 cidades, incluindo Manaus e Parintins, após casos brutais de violência de gênero

Mobilização no Amazonas

Mulheres foram às ruas em Manaus e Parintins neste domingo (7) para protestar contra o feminicídio e exigir o fim da violência de gênero. Na capital amazonense, manifestantes se reuniram na Praça do Congresso, no Centro Histórico, a partir das 17h, com cartazes pedindo justiça e o fim da violência contra as mulheres.

A mobilização integra o movimento nacional “Levante Mulheres Vivas”, que realizou atos simultâneos em pelo menos 89 cidades de todas as regiões do país, incluindo 24 capitais. O lema dos protestos é “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas”.

Na sexta-feira (5), o Fórum Permanente de Mulheres do Amazonas realizou uma vigília por justiça para a soldada Deusiane Pinheiro e pelo fim do feminicídio, antecipando a mobilização do fim de semana.

Cenário nacional alarmante

O Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios em 2025, segundo dados do Ministério das Mulheres. O canal Ligue 180 recebe quase 3 mil atendimentos diários de mulheres em situação de violência. Em 2024, foram registrados 1.459 feminicídios, uma média de quatro mulheres assassinadas por dia em razão do gênero.

Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.

Protestos pelo país

As manifestações reuniram milhares de pessoas em diversas capitais. Em São Paulo, o protesto na Avenida Paulista reuniu 9.200 pessoas, segundo cálculo feito pelo Monitor do Debate Político da USP e pela ONG More in Common. No Rio de Janeiro, manifestantes ocuparam a orla de Copacabana com cruzes pretas e girassóis simbolizando as vítimas de feminicídio.

Em Brasília, mesmo sob chuva, milhares de mulheres se reuniram na Feira da Torre de TV. O ato contou com a presença da primeira-dama Janja da Silva e das ministras Anielle Franco, Márcia Lopes e Esther Dweck. Janja defendeu penas mais duras para o crime de feminicídio e anunciou a mobilização de um comitê de alto nível para propor mudanças na legislação.

Também ocorreram mobilizações em Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Vitória, Florianópolis, Goiânia, Campo Grande e outras cidades.

Casos que motivaram os protestos

A mobilização nacional foi convocada após uma série de casos brutais que chocaram o país nas últimas semanas. Em Brasília, o corpo da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, foi encontrado carbonizado na sexta-feira (5). O soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, confessou o assassinato.

Em São Paulo, Tainara Souza Santos teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro na Marginal Tietê. Ela permanece entubada e respirando com auxílio de aparelhos. O motorista Douglas Alves da Silva foi preso e responde por tentativa de feminicídio.

No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) foram mortas a tiros. A professora Allane de Souza Pedrotti Matos e a psicóloga Layse Costa Pinheiro não resistiram aos ferimentos.

Apelo do presidente Lula

Durante a semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que haja um grande movimento nacional contra a violência de gênero. Em pronunciamento em Pernambuco, ele cobrou dos próprios homens uma mudança de postura e defendeu ações mais duras contra agressores.

Reivindicações

Os movimentos feministas cobram o fortalecimento das políticas públicas de proteção às mulheres, maior investimento na rede de acolhimento, realização de concursos públicos para os espaços de atendimento, debates sobre violência de gênero nas escolas e no Sistema Único de Saúde, além de penas mais severas para o crime de feminicídio.

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